Walkiria Assunção
Segundo G. P. da Silva, havemos, no entanto, de distinguir a mentira, propriamente dita, da "fantasia". Distinguem-se pela astúcia. Mentir é pois fantasiar qualquer coisa astuciosamente.
Mas a fantasia pura tem a sua origem na imaginação pura. Falsear a verdade é mentir. Fantasiá-la, não.
A verdade dura, sem a fantasia é, muitas vezes, intolerável. Vesti-la, dourá-la com a nossa fantasia, é tornar a verdade bela e acessível, menos agressiva e portanto mais tolerável. Agir assim não é mentir.
É preciso, por isso, considerar ainda que as crianças muito ricas em imaginação mentem, às vezes, para dar franco escoamento às imagens que se associam e se multiplicam no seu pequenino cérebro. É um movimento da alma, tal como o corpo que salta, pula ou corre. Nesse tipo de crianças é necessário muitas habilidade pedagógica para evitar a cultura em excesso da ficção.
Na mentira há ainda a considerar os casos verdadeiramente patológicos. Isto é, os casos em que a anormalidade ganha domínios daquilo que em medicina mental chama mitomania e que, não raro, surge de um desequilíbrio psíquico proveniente de um complexo de causas, cujos sintomas pedem tratamento médico.
Há, evidentemente, certas afecções cerebrais que apresentam um número de sintomas de mitomania, nos quais as crianças mentem até a perversidade, lançando mão da pr´pria calúnia para satisfazer os seus apetites injuriosos. Dentre estas existem as que inventam que são maltratadas pelos pais, as que se machucam propositadamente para se apresentar como vítimas de surras maternas ou paternas. Passam como crianças-mártires, sobre as quais se derramam os olhares da piedade alheia. Existem os débies, os idosos, os degenerados, os viviados, os doentes, cuja mentira, nas suas infinitas variedades, é um sintoma, tal, a febre ou a erupção de uma moléstia à flor da pele. Estes casos, porém, não podem ser tratados aqui.
Assim considerando o problema, podemos ainda dizer que a verdade infantil nunca poderá ser a verdade do adulto. A criança não saberá jamais comunicar a sua verdade de homens, porque sente que não seria compreendida, posto que se trata de um mundo à parte, no qual é difícil penetrar.
Todo trabalho educacional será, portanto, o de descobrir as causas para corrigi-las. Sempre, ou quase sempre, a mentira viceja no cérebro da criança por defeitos de educação.
As mentiras infantis correspodem, quase sempre, às pr´prias mentiras sociais, à própria influência familiar
Vemos que a mentira acarreta problemas muito mais sérios do que em geral se pensa.
Além da mentira trivial, consistente, voluntária, a criança é suscetível de alertar a verdade através de erros de sugestões ou mesmo de uma maneira particular de ver ou de "sentir" a realidade. Em outros casos, passa a criança a mentir por mentir, acabando por mentir a si mesma.
Mas, tudo isso - salvo taras e degenescências - depende de nós, adultos, mestres das mentira infantil.
Segundo G. P. da Silva, havemos, no entanto, de distinguir a mentira, propriamente dita, da "fantasia". Distinguem-se pela astúcia. Mentir é pois fantasiar qualquer coisa astuciosamente.
Mas a fantasia pura tem a sua origem na imaginação pura. Falsear a verdade é mentir. Fantasiá-la, não.
A verdade dura, sem a fantasia é, muitas vezes, intolerável. Vesti-la, dourá-la com a nossa fantasia, é tornar a verdade bela e acessível, menos agressiva e portanto mais tolerável. Agir assim não é mentir.
É preciso, por isso, considerar ainda que as crianças muito ricas em imaginação mentem, às vezes, para dar franco escoamento às imagens que se associam e se multiplicam no seu pequenino cérebro. É um movimento da alma, tal como o corpo que salta, pula ou corre. Nesse tipo de crianças é necessário muitas habilidade pedagógica para evitar a cultura em excesso da ficção.
Na mentira há ainda a considerar os casos verdadeiramente patológicos. Isto é, os casos em que a anormalidade ganha domínios daquilo que em medicina mental chama mitomania e que, não raro, surge de um desequilíbrio psíquico proveniente de um complexo de causas, cujos sintomas pedem tratamento médico.
Há, evidentemente, certas afecções cerebrais que apresentam um número de sintomas de mitomania, nos quais as crianças mentem até a perversidade, lançando mão da pr´pria calúnia para satisfazer os seus apetites injuriosos. Dentre estas existem as que inventam que são maltratadas pelos pais, as que se machucam propositadamente para se apresentar como vítimas de surras maternas ou paternas. Passam como crianças-mártires, sobre as quais se derramam os olhares da piedade alheia. Existem os débies, os idosos, os degenerados, os viviados, os doentes, cuja mentira, nas suas infinitas variedades, é um sintoma, tal, a febre ou a erupção de uma moléstia à flor da pele. Estes casos, porém, não podem ser tratados aqui.
Assim considerando o problema, podemos ainda dizer que a verdade infantil nunca poderá ser a verdade do adulto. A criança não saberá jamais comunicar a sua verdade de homens, porque sente que não seria compreendida, posto que se trata de um mundo à parte, no qual é difícil penetrar.
Todo trabalho educacional será, portanto, o de descobrir as causas para corrigi-las. Sempre, ou quase sempre, a mentira viceja no cérebro da criança por defeitos de educação.
As mentiras infantis correspodem, quase sempre, às pr´prias mentiras sociais, à própria influência familiar
Vemos que a mentira acarreta problemas muito mais sérios do que em geral se pensa.
Além da mentira trivial, consistente, voluntária, a criança é suscetível de alertar a verdade através de erros de sugestões ou mesmo de uma maneira particular de ver ou de "sentir" a realidade. Em outros casos, passa a criança a mentir por mentir, acabando por mentir a si mesma.
Mas, tudo isso - salvo taras e degenescências - depende de nós, adultos, mestres das mentira infantil.